sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Perna Longa

De São Paulo a Goiás em um só dia. É o equivalente ao que a intrépida equipe da Expedição 4x4 ao Fim do Mundo rodou no dia do Natal. Saímos bem cedo de Tres Arroyos, às 8h30 da matina, e paramos lááááá em Puerto Madryn, já bem no meio da Argentina. Após mais de 900km de estrada e o relógio batendo as nove badaladas da noite. Tamanha foi a pernada que atravessamos um fuso horário e só fomos dar conta quando chegamos. Além de toda a disposição e empenho dos integrantes dos dois carros, para tirarmos o atraso dos últimos dias, a duração da luz natural ajudou bastante. Por aqui, só começa a escurecer perto das 22hs. E, assim sendo, passamos mais de meio dia dentro da Monstra.


Durante este longo trajeto, percebemos que de tudo se pode fazer dentro de um carro, com amplo espaço, como a Band do Artur. Troca de roupa, preparo de lanche, pista de dança, sala de alongamento, varal de secagem e uma confortável cama de solteiro (um solteiro com as medidas do Celso, claro). É interessante perceber que, conforme as necessidades surgem, somos capazes de nos adaptar às condições das situações. A troca de roupa talvez seja o mais simples. Agora, transformar o carro em varal de roupas, e fazer dele uma copa para o preparo de lanches, não é para qualquer um, amigo! Encontrar os locais onde o vento entra não é o mais difícil (aliás, na Monstra é coisa tranqüila!), mas deixar as peças dispostas pelo painel, retrovisores e banco, do jeito correto para que fiquem secas, calculando velocidade e ângulo de entrada do vento e tempo de exposição das peças, é tarefa digna de engenheiro (ainda bem que a equipe possui um!).


Igualmente desafiador é a preparo de alimentos com o carro em movimento. O famoso chef Alex Atala tiraria o chapéu para os petiscos confeccionados com um pequeno prato, uma faca (ou melhor, um facão à lá Rambo!), um punhado de torradas, um pote de manteiga, uma peça de provolone e uma bisnaga de patê de presunto. E assim, cruzamos um bom pedaço do território argentino. Todo ele dentro da Ruta 3, uma das estradas mais famosas – e longas – da Argentina. Só para se ter uma idéia do tamanho da encrenca, ela começa em Buenos Aires e termina no Parque Nacional da Terra do Fogo, em Ushuaia (onde é o nosso ponto final antes da volta). São mais de 3 mil quilômetros só de Ruta 3. Outro detalhe que vale ser comentado: a qualidade das estradas. Apesar de a maioria delas ser de mão-dupla, a boa qualidade do asfalto predomina (não chegam a ser um tapete, mas são boas de rodar). Além disso, são poucos pedágios. Baratos (por volta de $ 2,20 pesos argentinos cada) e vão até um pouco antes da região de Bahia Blanca, cidade conhecida por ser a porta de entrada da Patagônia.


E quando mal percebemos já estávamos em Puerto Madryn, uma cidade muito bem ajeitada, presenciando um belíssimo pôr-do-sol. Nos hospedamos em um albergue bacanudo! O famoso bom, bonito e barato. E pronto, por hoje chega. Como diria o Pernalonga: “por hoje é só, pessoal!”.

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