quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Minha filha, Sol

Pensar no nome que se dará aos futuros filhos é uma brincadeira que todo mundo, em algum momento, já fez. Às vezes, dependendo da situação, alguns nomes chamam a atenção, e é aí que se tem certeza: “taí, vou dar esse nome pro meu filho”. Solenóide, por exemplo, é um nome interessante para se dar a uma menina. Um nome forte, imponente. Um nome tecnologicamente respeitável, como diria o Rei do Elogio.


Solenóide. Uma pequena peça de ferro com uma mola retrátil, tão pequena quanto uma bala de carabina, responsável por cinco paradas no primeiro trecho da viagem. Mas nem ela, nem as paradas, nem a trabalheira logística da montagem do carro na madrugada e nem o pouco sono, foram suficientes para desanimar os ansiosos viajantes


A expedição teve inicio às 6h20, do dia 20/12 (sábado) com um pouco de atraso em relação ao planejamento, no posto Ipiranga da Avenida dos Bandeirantes. Depois do encontro com Deco, seu irmão Anselmo e a Branca de Neve (apelido da Toyota da dupla), pegamos a estrada rumo ao sul do Brasil. A idéia inicial era percorrer 1200km, indo direto a Porto Alegre.


Tudo corria bem, com Artur guiando a Monstra (carinhoso apelido que deu para sua Toyota), Ricardo e seu chapéu de Crocodilo Dundee como co-piloto e Celso, seu par de tênis xadrez, algumas sacolas de miojo, chocotones, bisnaguinhas e mochilas, repousando os olhos no banco traseiro. Foi então que a Solenóide começou a dar o ar da graça. Nas três primeiras paradas, o diagnostico era o de mangueira de combustível com entrada de ar.


Porém, como após o almoço, em Curitiba (perto das 14hs),oproblema insistia em, meticulosamente, ocorrer a cada 45min, uma ação um pouco mais enérgica, bem ao estilo viking, se fazia necessária


Então, por volta das 17h45, e após impressionantes cinco paradas, tiramos na unha a pequena peça que nos atrasava. Vibramos como legítimos guerreiros nórdicos e seguimos viagem.


A partir de então, e como não era mais possível atingirmos nosso destino inicial, decidimos descer o máximo que agüentaríamos para tentar tirar o atraso. E após uma parada para abastecimento, às 21hs, um pequeno acidente entre as duas Bandeirantes deixou claro que era hora de descansarmos. Em uma lombada mal sinalizada, bem na saída do posto, Anselmo (que nos seguia com a Branca de Neve) e Artur (com a Monstra puxando o pelotão) precisaram fazer manobras bruscas para que não ocorresse uma colisão em nossa traseira que, fatalmente, encerraria ali mesmo, e tão prematuramente, a viagem. Apenas um susto, um pára-choque traseiro ligeiramente contundido e um retrovisor precisando de afago.


Dali, tocamos sutilmente até Lages (SC), onde fizemos nossa primeira parada. Encontramos um hotel por volta das 22h30 e estacionamos os carros para entramos na pousada e encontrarmos o merecido repouso.


Enquanto fazíamos nosso registro, notei um rapaz assistindo TV com uma menininha dormindo em seu colo. Em tom de voz baixo, comentei com Artur: “Que gracinha. Poderia se chamar Solenóide”.

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